sexta-feira, outubro 23

Outono*


     O Outono chegou e, com ele, vieram a chuva, o frio, o passado e a tristeza. O meu espírito está inquieto, pois o passado que tanto quero esquecer teima em voltar à minha memória, ao meu coração e aos meus olhos. Não sei se chove na rua ou se são os meus olhos que libertam a dor que me preenche. Olho à minha volta e descubro que tudo se está a desmoronar, nada nem ninguém me é conhecido, sinto-me como se estivesse rodeada de blasfémias e de efemeridades.
      Um dia, acordei e nada estava igual, tudo desabou em meu redor, até o céu. A minha estrela fugiu ou mudou de aspecto, e não brilhará jamais para mim. A angústia e a solidão são sentimentos bastante fortes e tentam apoderar-se do meu ser a toda a hora, mas eu sou bem mais forte que esses sentimentos.
     Ontem, estava a observar uma maravilhosa macieira, e por cada folha que caía no chão, escorria uma lágrima pelo meu rosto, pois cada folha representava alguém que perdi devido à distância ou à mentira.
     O vento sopra lá fora e eu danço cá dentro, no meu quarto, no meu casulo, no meu território. Danço como as folhas que estão na calçada, rodopio sem parar, porque o vento não vai parar de soprar enquanto eu não parar de recordar.
     Olho pela janela e está a chover; corro até à rua porque lá as minhas lágrimas salgadas misturam-se com as lágrimas doces do céu. Aqui, na rua, sinto-me em paz, porque a água da chuva ameniza a dor do meu peito.
     No Outono, estou perturbada, estou perdida e o que tenho cá dentro dói demais.

quarta-feira, outubro 21

Na vida.

Fui esquecida, recorda-me.
Estou perdida, encontra-me.

terça-feira, outubro 20

Time goes by...


Eram casas. Eram ruas. Eram pessoas.
São ruínas. São rastos. São cadáveres.
...and someday, we'll disappear!